quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Teoria Básica - Intervalos

Vamos classificar Intervalo como o espaço que existe entre duas notas.

Em baixo segue uma imagem com todos os tipos de intervalo que existem bem como exemplos de cada um.



Nota: O piano é um excelente instrumento para visualizar melhor estes conceitos. Se puderem ter acesso a um, é excelente.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Terminologia

Antes de começar, teço algumas considerações sobre a terminologia que vai ser utilizada ao longo do blog:

No jazz, usam-se nomes diferentes para as notas, foi adoptado um sistema onde não se usam os típicos Dó Ré Mi, mas sim, letras. Este sistema de letras é o que vai ser adoptado no blog sendo que, em texto corrido, poderei recorrer ao nome normal das notas.

Terminologia de notas
A - Lá
B - Si
C - Dó
D - Ré
E - Mi
F - Fá
G - Sol


Terminologia de acordes
Para os mais iniciados, o jazz apresenta uma série de cifras que parecem quase infinitas. Cedo perceberemos que afinal, o que existe não é mais do que muitas maneiras de representar apenas alguns acordes e ficaremos aptos a filtrar o que nos é apresentado. Não existe um standard para cifrar os acordes e é por isso que o leque de opções é grande.

O acorde de Dó Maior de sétima pode ser cifrado como CΔ; C7M; Cmaj7; C6; C6/9; C; etc. Neste blog, salvo as excepções que serão devidamente fundamentadas, será utilizada a cifra C7M.
O acorde de Lá menor de sétima pode ser cifrado como D-7; Dm7; Dmi7. Neste blog, será utilizada a sigla D-7.

O sinal ‘+’ ( C7+11) e o sinal ‘#’ (C7#11) querem dizer a mesma coisa, aumentar meio-tom a nota referida (neste caso a 11ª). Utilizaremos o sinal ‘#’. O mesmo se aplica para o sinal ‘-‘ (C7-9) e o sinal ‘b’ (C7b9). Porém, neste caso o significado é diminuir a nota referida em meio-tom.
A 4ª e a 11ª são as mesmas notas. Aqui, utilizaremos a 4ª para acordes maiores (CM7#4) e para acordes sus (Csus4) e 11ª para acordes dominantes (C7#11) ou menores (C-11).

A 6ª e a 13ª são as mesmas notas. Utilizaremos a 6ª para acordes maiores e menores (C6 e C-6, respectivamente) e 13ª para acordes dominantes (C7 b13).

Nota: À medida que vamos avançando na teoria, provavelmente vamos verificar que certos conceitos foram simplificados na altura da sua apresentação e que poderão ser imprecisos. É apenas para simplificar o processo de aprendizagem. Como quando os nossos pais nos dizem, em pequenos, que o Multibanco é onde se vai buscar dinheiro e ficamos a pensar que é uma fonte inesgotável... depois, infelizmente percebemos que não é bem assim.

Licks - é bom usar?

Penso que podemos definir um lick como uma frase ou um trecho que foi popularizada por alguém. (Ex Lick do Coltrane)

Para quem ouve muita música, certamente já passou por situações do estilo "eu já ouvi isto em qualquer lado". Isto é perfeitamente normal e agora que tenho ouvido muito jazz tenho-me apercebido desta promiscuidade de uns a usarem os licks dos outros e os outros dos uns. Enfim, uma javardice...

Não fiquem com a ideia de que sou contra o uso deles, muito pelo contrário.

Há pouco tempo li uma história engraçada acerca desta temática: certa vez, um compositor erudito muito conhecido chamado Gustav Mahler Igor Stravinsly foi ver um fenómeno do Jazz do qual tinha ouvido falar. Era nada mais nada menos do que Charlie Parker (Bird). Bird soube que Mahler Stravinsky estava na sala e usou parte de uma das suas sinfonias num dos seus solos. Mahler Stravinsky, ao aperceber-se da situação, ficou eufórico, e terá alegadamente caído da cadeira deixando cair o seu whisky no chão tal foi a sua reacção. (blasfémia)

O mesmo se conseguirá se eu estiver a improvisar o Giant Steps do Coltrane para a pequenada e lá pelo meio, conseguir enfiar a música do Dartacão, de certeza que os levo à loucura.

Quero com isto dizer que, reconheço que o uso moderado de licks é uma ferramenta poderosíssima para obtermos alguma reacção do nosso público alvo, mas também acredito que um bom jazzer não pode ser apenas um rato de licks, tem que empregar a sua própria personalidade nos seus improvisos.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Estudar compensa

Bom, venho auto bajular-me para algo que me deu um profundo prazer em atingir depois de algum trabalho.

Há alguns meses, quando ouvi pela primeira vez a palavra trítono, apeteceu-me esbofetear o indivíduo que me falou em tal conceito e responder-lhe "Oh mén!! Não me voltas a chamar isso!!" Ainda por cima, falou-me nisto como se fosse uma coisa perfeitamente normal.

Ora bem, finalmente, já consegui perceber o que ele me estava a dizer. Muito basicamente, o trítono é um intervalo (pode ser chamado de 4ª aumentada ou 5ª diminuta) muito específico e curioso na música por motivos que poderei abordar noutra altura... não é relevante neste momentos. Define-se como a nota que está 3 tons inteiros acima ou abaixo de uma outra determinada nota (Ex: O trítono de Dó é Fá# e vice-versa).

O importante a reter aqui é que, a substituição do acorde V numa cadência ii-V-I pelo trítono é um conceito que posto em prática resulta muito bem.

Acontece que ontem, quando estava a tocar uma gaitada, ao improvisar sobre o tema Jazz-n-Samba consegui fazer isso conscientemente, e é essa a vitória que eu quero enaltecer aqui.

Começo a acreditar que, se continuar a estudar muito, um dia destes ainda vou ser muita bom...

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Conhecer bem o tema é fundamental

Esta sentença roça o óbvio, mas parece-me que a minha ambição de excelência está a estorvar um pouco a interiorização desta ideia.

Ora bem, tenho para mim que basta olharmos superficialmente para um tema para percebermos bem o tom e as suas mudanças, para conhecermos as nossas opções, e a partir daí produzir um solo consistente (pelo menos parece-me algo atingível por alguém que já domine todos os aspectos harmónicos da coisa).

O grande problema neste racional é que eu não sou uma dessas pessoas!! E após terminar um solo de um tema, fico sempre frustrado porque acho que o solo poderia ser muito melhor.

Tenho que meter na cabeça que este processo de maturação é longo e penoso, meter-me no meu lugar, e interiorizar que, antes de sequer pensar em produzir um solo aceitável para um tema, tenho que o esmiuçar até à exaustão.

Para um wannabe-jazzer, é necessário conhecer o tema de cor, nomeadamente:
   - Conhecer bem a melodia
   - Conhecer e decorar bem os tons e movimentações do tema
   - Conhecer e decorar os modos que estão associados a cada cifra
   - Conseguir perceber quais as melhores notas que resultam nos modos associados e tocá-los até à exaustão

Penso que se conseguir aplicar este racional a um tema, talvez consiga produzir um solo que seja mais do meu agrado.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Estudo diário (era bom era)

A persistência é muito bonita, mas por vezes não há pachorra para pegar na gaita e chatear-me a mim e aos vizinhos com o que ao final do dia, por melhor que soe, tresanda a barulho.
As sessões de estudo rondam uma hora de duração.

Até aos 35/40 minutos:
   - Exercícios de som (Depende do instrumento. PAra instrumentos de sopro, eventualmente notas longas, treinando dinâmica, vibratto, glissando, etc...)
   - exercícios de escalas
   - Patterns Jerry Coker

Até ao final da sessão:
Um ou dois temas tentanto seguir a abordagem apresentada no Estudo de temas.

Estudo de Temas

Este método foi inspirado a partir do 1º volume do Jamey Aebersold.
É um método muito bom para interiorizar a estrutura de um tema e eu deveria segui-lo mais vezes que o que sigo na realidade.

- Análise do tema. Identificar as cadências e o seu tom original
- Interiorizar o tema. Dar uma volta só com o tema.
- Uma volta com as fundamentais de cada acorde
- Uma volta com as escalas correspondentes
- Uma volta tocando arpeggios
- Uma volta tocando a 3ª e 7ª de cada acorde (esta é tramada mas muito importante porque a 3ª e a 7ª de cada acorde são as notas que melhor caracterizam o acorde e consequentemente conferem maior tensão, expressão e que tornam o solo mais interessante).
- Uma volta para color tones. (Ainda não aplico este exercício no meu estudo porque o conceito ainda não está claro para mim. Basicamente este ponto está relacionado com as opções que as 9ªs, 11ªs e 13ªs de cada acorde abrem tornando o solo ainda mais colorido)
- Improvisar semínimas. Linha de baixo
- Improvisar colcheias
- Improvisar livremente

Estudo de Escalas

Escalas?! Acho que prefiro ir limpar as cabines do wc de um qualquer festival. Porém, quem diz que não são essenciais, ou já sabe muito ou então não percebe nada do assunto.

Penso que houve um grande músico que disse qualquer coisa do género "é preciso aprender as escalas todas muito bem. Depois, podemos esquecê-las..."
Não podia estar mais de acordo. As escalas têm que ficar tão enraízadas em nós como o alfabeto (e este já não o treinamos todos os dias). No entanto, ao chegar a esse ponto, acredito que já não seja necessário treiná-las todos os dias.
Mas para a esmagadora maioria, este ponto ainda está muito longe, portanto, há que "perder" tempo com este massacre.

Existem inumeros exercícios que se podem fazer (e convém ir variando de vez em quando) com escalas no entanto, e por uma questão de optimização do tempo disponível para as minhas sessões, destaco os seguintes:

- Escala na extensão completa do instrumento
- Escala em 3ªs, na extensão completa do instrumento
- Escala Maior em acordes de 7ª, na extensão completa do instrumento
- Escala Pentatónica (1,2,3,5,6) na extensão completa do instrumento
- Escala de Blues Simples (1,b3,4,#4,5,b7) na extensão completa do instrumento
- Escala Flexível, exercício de improvisação com Aebersold Vol 24

Na minha ideia, se pelo menos estes exercícios, estiverem dominados nas 12 escalas a 100 bpms, penso que já temos uma boa base para prosseguir para outro nível no que respeita a esta temática.

Dia 0

Bom, ainda não percebi se isto vai servir de suporte para alguém aprender ou se se vai revelar como um pedido de ajuda a um entendido que por aqui tropece.
O facto é que estou a tentar aprender jazz sozinho e não está a ser nada fácil. Cada vez que descubro uma resposta, aparecem-me 50 novas perguntas.
Pretendo que este seja um espaço para tentar sistematizar a minha aprendizagem e forçar a sua continuidade.

Os conceitos e o método aqui apresentados pretendem ser do entendimento de todos no entanto, poderá não ser a melhor plataforma de aprendizagem para quem não sabe nada de música.
Existem certos conceitos que necessitam de ser absorvidos à priori de uma forma mais superficial e não tão fundamentada como aqui apresentarei.

Já tenho algumas bases teóricas que me permitem fazer este tipo de apresentação, mas se houver dúvidas, espero conseguir responder.

Boa sorte para mim!